quinta-feira, 25 de outubro de 2012






VAMOS SAIR DA IGNORÂNCIA EM NOME DOS ORIXÁS


De tempos em tempos, aparece algum caso de crime relacionado com Magia Negativa, associado
ao mal, chamado vulgarmente de Magia Negra.

De tempos em tempos, vemos associarem alguns destes crimes à Umbanda, ao Candomblé ou aos
Cultos Afros em geral.
São crimes bárbaros, macabros mesmo, com mortes de crianças e estupros, motivados pelo que há
de pior e mais baixo no ser humano.

Enquanto nós ficamos aqui dizendo que isto não tem nada a ver com Umbanda, Candomblé e Cultos
Afros; os criminosos, presos, se identificam com estas nossas amadas religiões e ainda dizem fazer
pactos com satã, demônio, quando não colocam os nomes sagrados de nossos guias e orixás no
meio de seus crimes hediondos e passionais.

SABEMOS que nossa religião é linda, que não faz pactos, que não existe demônios em nossos cultos.

Há anos, venho batendo na mesma tecla: Umbanda é Religião e só pode fazer única e exclusivamente
o bem!

Enquanto isso, pessoas que nem tem idéia do que seja religião continuam abusando de nossos
fundamentos e valores de forma negativa e invertida.

O conceito sobre religião está totalmente banalizado e distorcido, qualquer um cria uma nova religião
e faz o que quer com ela, esta é a verdade.

Sempre lembro a primeira definição de Umbanda dada por seu fundador, o primeiro umbandista, Zélio
de Moraes e sua entidade Caboclo das Sete Encruzilhadas: Umbanda é a manifestação do espírito
para a prática da caridade!

Enquanto isso, no próprio seio da Umbanda, convivemos com praticantes que não tem a menor idéia
de quem foi, ou o fez, o primeiro umbandista.

Pessoas que "dirigem" terreiros, que se denominam sacerdotes (pai de santo, mãe de santo, padrinho,
madrinha…) e proíbem seus médiuns de estudar.

O medo e a ignorância são portas abertas para as trevas interiores e exteriores.

É aqui que o EGO, a vaidade e os vícios mais baixos do ser humano se instalam.

E todos os dias vemos anúncios de pessoas oferecendo "serviços" de magias negativas em nome de
nossos sagrados valores,
de nossa religião, de nossos guias e orixás. Deitam e rolam com os nomes de exu e pombagira, usam
e abusam.

As pessoas continuam procurando um atalho, um caminho mais fácil, para externar seu negativismo
acumulado, não querem dor, não querem crescer, não querem assumir seus atos, não querem ser
conscientes, querem apenas satisfazer os sentidos viciados
no mundo das ilusões, das paixões que arrastam para atitudes emocionais animalizadas e instintivas.

Ainda se vê na figura do médium um poder de manipular vidas!
Um poder de manipular o destino, um poder que pode ser comprado, negociado.

NÃO EXISTE OUTRA SAIDA PARA A RELIGIÃO, É PRECISO MUDAR O SENSO COMUM, É PRECISO
ALCANÇAR O INCONSCIENTE COLETIVO!

E A UNICA FORMA É COM EXEMPLO E NÃO APENAS COM PALAVRAS.

Um consulente pode apenas frequentar um terreiro, sem ter a mínima idéia do que seja a Umbanda.

Um consulente, um simples frequentador, pode se denominar católico, ateu, à toa e o que quiser…

Este consulente pode, sim, ele pode ser totalmente ignorante…

UM MÉDIUM NÃO PODE SER IGNORANTE!!!
UM MÉDIUM E PRATICANTE DE UMBANDA É FORMADOR DE OPINIÃO, SEMPRE!!!
O MÉDIUM É O TEMPLO DA RELIGIÃO!!! NÃO PODE SER O TEMPLO DA IGNORÂNCIA!!!

Umbanda não é e não pode ser para pessoas ignorantes.
E aqui fica bem claro o sentido e significado da palavra ignorante: aquele que ignora algo.

Não se pode praticar Umbanda de forma ignorante, sem saber o que está sendo praticado.

Quando não estamos bem, e todos passamos por momentos e períodos de negatividade, é o
conhecimento, a razão, que nos mantém dentro de limites e parâmetros seguros. O médium
ignorante torna-se uma porta aberta para as trevas.

E vamos continuar vendo casos e mais casos em que a ignorância rouba, assalta, o nome da
umbanda e de nossas entidades.

COMO VAMOS MUDAR ISSO???
Ignorância se vence com conhecimento e estudo…

Alexandre CUMINO

Umbanda Online

sábado, 16 de junho de 2012





SOBRE CORRER GIRA

Algumas vezes na vida nós sentimos que está na hora de seguir em frente. Na maioria das vezes é uma decisão difícil, nos faz remexer em estruturas muitas vezes sólidas, mudar rotinas, sair da nossa zona de conforto. É muito difícil, às vezes traumático e nem sempre bom em curto prazo. Mas a vida chama e temos que ir adiante.
E como agir quando isso acontece no terreiro?

Sim, isso acontece. Algumas vezes ficamos anos em um determinado centro, trabalhamos, adoramos o lugar. Mas aí, de repente e sem aviso, sentimos um incômodo. E esse incômodo vai ganhando forma, aumentando de intensidade até que pensamos: é hora de levantar âncora.

Bom… Acredito que o primeiro pensamento tem que ser: Por que estou assim?

Pode ser besteira de nossa parte. Pode ser uma simples situação que se resolve em um conversa sincera. Um mal entendido, uma falta de atenção… Algo bobo. Mas no geral, o pensamento é: hora de visitar outras casas.

Cada centro tem uma política com relação a isso. E é muito certo que seja assim. Visitar outras casas pode ter seu risco com relação ao médium e seu campo mediúnico. A diferença energética de uma casa para outra pode influenciar de alguma forma o médium e isso pode dar trabalho depois. Não é por mal, é só uma diferença mesmo. Mas pode ser por mal também afinal, existe todo tipo de gente por aí. Por isso sempre recomendo: converse com seu dirigente antes. Avise. Só isso. Ele poderá te dar instruções de como agir melhor e pode ser que nessa conversa sua situação seja resolvida.

Mas digamos que não, você está decidido a visitar outras casas.

É comum que um médium, quando reconhecido como tal, seja convidado a entrar e “dar passagem” para seu Guia. Particularmente eu recomendo que o filho dê uma desculpa educada e recuse a oferta. E por um simples motivo: Seu Guia não tem o que fazer ali. Guia em terra é Guia trabalhando e seria um desperdício de tempo seu e de seu Guia essa incorporação. Muitas vezes, por educação, acabamos deixando que isso aconteça, porém isso realmente não tem muita função a não ser que o médium esteja em real desequilíbrio precisando ser reequilibrado e isso é uma coisa que você, médium, tem que saber reconhecer.

Aliás, outro protocolo muito educado para o médium que visita um terreiro é: identifique-se para o dirigente. Ou para um dos responsáveis pela casa. Procure alguém da casa e diga sua condição, diga que você é médium de outra casa em visita. Isso também ajudará o dirigente a tomar suas providências, seja te dando um tratamento diferenciado, seja somente cantando um ponto de boas vindas. É educado de sua parte, que conhece o rito, que já é frequentador, que já trabalha, se apresentar. Com certeza os médiuns mais atentos da casa saberão que você já é filho de outra casa, nós carregamos este estigma, mas não custa nada, não é?

Não vá visitar outra casa com um milhão de guias no pescoço. A função da Umbanda é ensinar, entre outras coisas, a humildade e usar todas as suas guias só será sinal de presunção. Sei que você pode pensar que muitas guias é igual a muita proteção, mas no final das contas, que tanta proteção você precisa naquele momento, já que você é que está indo atrás de outro centro? Seja humilde, coloque a guia de Oxalá no pescoço e vá sossegado.

Não pré-julgue o centro que você vai visitar em função do tempo de trabalho do dirigente em função do seu próprio tempo, por exemplo. Se você tem 80 “anos de santo” mas está atrás de ajuda, o que importa se quem está disposto a te ajudar tenha só 5 anos? Ele está disposto a te ajudar! Preste atenção nessa frase: Você está atrás de ajuda e encontrou alguém disposto a te ajudar. Aproveite! Não se prenda a essa situação mítica de que esse alguém tem que ser mais velho que você, porque você é que está procurando ajuda! Parece óbvio quando escrevo, mas é meio difícil algumas pessoas entenderem isso. Claro que entendo a tradição, mas mesmo assim isso me parece meio absurdo: É como você, com 80 anos de idade, 60 de carreira, não aceitar ajuda de um médico porque ele tem somente 20 anos de medicina. Muitas vezes esse médico está mais apto a te ajudar do que você mesmo, está mais “antenado nas novas tecnologias” ou nas novas teorias… ou simplesmente está mais disposto a te ajudar mesmo. Isso me soa tão arrogante que fico até meio bravo… rs… É tradição? Sim. Mas na hora do sufoco, o que importa?

Por que estou escrevendo tudo isso afinal de contas?

Porque com certeza você verá coisas diferentes quando iniciar essa busca. Algumas coisas te agradarão, outras não, mas o respeito deve SEMPRE existir. Você encontrará alguns terreiros sábios; que trabalham com muitas mirongas, ervas, receitas, flores, incorporações características e palavreado típico dos Guias; e também encontrará muitos terreiros eruditos, onde encontrará Guias mais independentes, que acendem seus próprios cigarros, ou se servem sozinhos, que te dirão sobre computadores, internet, celulares como coisas de seu dia a dia, onde não haverá tantas mirongas, tantos trabalhos, tantos palavreados característicos. Mas em nenhum momento poderá passar pela sua cabeça que isso é mais correto que aquilo, assim como não exemplifico os dois modelos de terreiro aqui com distinção de importância entre um e outro: se estão na Terra, se existem aqui, é porque têm que existir, cumprem um propósito maior que não conhecemos. Se eles possuem assistência, é porque fazem de alguma forma, o bem para quem visita, mesmo que não consigamos identificar, a priori, que bem é esse. E de nenhum modo esses terreiros serão melhores que o que você já frequenta, só serão diferentes no formato, não na essência.

Não trabalhe em dois lugares. Seja honesto consigo mesmo e, acima de tudo, seja leal. Se você deseja essa situação, comunique aos dois dirigentes e veja o que eles dizem. Fazer isso escondido é perigoso e vergonhoso para você.

Se você vai fazer algum curso de alguma coisa… bom, tenha em mente que cada casa trabalha de um jeito e se você não for maduro e centrado pra entender isso, esse curso só vai servir pra te deixar mais confuso ainda.

Ah! E não saia procurando outro terreiro igual ao que você já frequenta. Você não encontrará e, se o terreiro que você frequenta é bom pra você, porque você está saindo?

Mas sempre tenha em mente que cada casa é uma casa e os problemas estão muito mais em você do que nelas. Seja sincero consigo mesmo, sempre. E quando esse dia chegar, procure se acalmar e pensar, sem egoísmos, sem prepotência, o real motivo para seu incômodo. Só assim você conseguirá tomar uma boa decisão.

Nino Denani

www.artefolk.com.br
http://wwwumbandaonline.blogspot.com.br/

quarta-feira, 6 de junho de 2012

 

 

 

Reflexões sobre a diversidade cultural-religiosa afro-brasileira


Hoje gostaríamos de apresentar algumas reflexões sobre a diversidade cultural-religiosa de nosso país. Vários foram os estudiosos que registraram as matrizes formadoras do povo brasileiro, um deles foi Darcy Ribeiro que sistematizou as contribuições culturais-religiosas dos ameríndios, africanos e indo-europeus.
Atualmente é corrente na academia a terminologia “matriz formadora” e gostaríamos de refletir sobre ela. Matriz é uma palavra que significa origem, fonte e a palavra formadora aquilo que dá corpo, estrutura, que constitui, assim, os indígenas autóctones, os negros que chegaram ao país escravizados e os indo-europeus na condição de colonizadores são povos que, com sua bagagem cultural, social, religiosa, estruturaram o que posteriormente veio a ser chamado povo brasileiro ou apenas o brasileiro.
Felizmente as religiões afro-brasileiras foram igualmente formadas pelas três matrizes fazendo com que elas tenham em seu bojo a diversidade de formas de viver e cultuar a religiosidade. Não vemos esse caldeamento como algo negativo, muito ao contrário, a grande riqueza das religiões afro-brasileiras é sua diversidade, o “colorido religioso”, a ampla gama de contribuições.
Infelizmente, muitos pensam que a diversidade é um elemento que dificulta a criação de uma identidade religiosa, mas nossa visão é justamente oposta. A diversidade é um dos elementos fundantes das religiões afro-brasileiras. O cientista social ou mesmo adeptos de outras confessionalidades, sentem dificuldades em ir a um determinado terreiro e não saber ao certo qual a linha praticada. Isso porque, ainda que cada Escola Afro-brasileira tenha sua cosmovisão e liturgia específica elas comungam de elementos tais como o transe, a dança, cânticos, crença nas entidades sobrenaturais, entre outras.
Outro dado que dificulta a real compreensão do universo religioso é a mídia, a qual sempre que pode, apresenta em seus programas de informação ou entretenimento mensagens subliminares ou de descrédito e gozação.
O trabalho de todos os militantes afro-brasileiros sejam eles sacerdotes e sacerdotisas ou adeptos é no terreiro com seus Orixás, ancestrais, encantados para que essa vivência possa sair das quatro paredes templárias e ser incorporada na vida cotidiana. É um processo interno, de vivência iniciática e também externa de estilo de vida.
Agradecemos por fazer parte da diversidade cultural-religiosa afro-brasileira que, em última instância, é vivenciar a diversidade humana brasileira!
Axé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Ifatosh'ogun "O sacerdote de Ifá que tem o poder de curar”

 http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2012/05/reflexoes-sobre-diversidade-cultural.html

segunda-feira, 16 de abril de 2012

SEGREDO DAS FOLHAS

Assim como as flores, as ervas também são de fundamental importância para a restituição e a reconstituição do equilíbrio nos médiuns de Umbanda pois, a natureza preserva a harmonia divina e os elementos naturais carreiam o Axé ( força ) da natureza.

As importantes correlações referentes aos sete Orixás, inclusive as essências que podem ser adquiridas em casas especializadas na comercialização de materiais para formulação de perfumes. Essas essências podem ser utilizadas na forma de banhos para restabelecimento do equilíbrio psico-aurânico bem como para a conservação do mesmo. No banho de essência utilizamos apenas três gotas para um litro de água pois, o excesso pode ser prejudicial, e no primeiro mês de uso fazemos o banho somente uma vez por quinzena e posteriormente uma vez por semana. Esse banho deve passar por todo o corpo, e para isso deve ser despejado por cima da cabeça ( ori ) passando por todo o corpo, após o banho normal de higienização.

O banho de ervas não deve ser usado a qualquer momento e se presta mais a desimpregnações e fixações mediúnicas e não deve ser despejado sobre a cabeça mas, sim a partir dos ombros. E para quem queira se banhar com as ervas, deve seguir a uma série de observações importantes principalmente na origem e no que tange a colheita das ervas que, deve ser executada em uma lua positiva ( nova ou crescente) pois, nessa época a seiva da planta se localiza nas folhas e na quinzena lunar negativa ( cheia e minguante ), a seiva se encontra próxima a raiz, ficando as ervas portanto, energeticamente defasadas .

Esse banho deve ser feito por infusão, ou seja, fervemos a água, a retiramos do fogo, colocamos as ervas e esperamos até que a mistura esfrie o suficiente para aplicá-la no corpo após o banho normal de higienização. Outra orientação é que se coloque um pedaço de carvão sob cada pé no momento do banho que deve ser despejado no corpo, no sentido do pescoço para baixo, ou seja, não deve ser despejado na cabeça. E basicamente é muito positivo utilizar nesse banho apenas uma erva da vibração de Oxalá ou uma erva da vibração original ( relacionada ao signo ) do médium que usará o banho.

As entidades de Umbanda, também utilizam a energia vegetal na forma de defumação, a fim de amortizar energias de choque oriundas do baixo astral e no intuito de aproveitar o equilíbrio natural dos vegetais para re-harmonizar nosso organismo por meio da absorção, via respiração, da energia emitida por essa aroma-terapia que é decodificada por nosso organismo por meio do rinoencéfalo.

Para melhor projeção das energias provenientes da defumação, a mesma deve ser feita em um turíbulo de barro e deve obedecer a critérios específicos que qualificam e quantificam as ervas ou essências utilizadas para esse fim.

Uma defumação positiva utilizada para desagregar energias negativas pode ser composta de três porções de erva-doce, com uma porção de cravo e uma porção de canela. Para defumar pessoas o importante é que a fumaça seja inalada ou seja, não é necessário 'fulmigar" a pessoa com excessiva fumaça pois, uma emanação sutil que possa ser sentida pela respiração já produz efeitos notáveis.

A nível superior podemos utilizar o incenso puro na forma de pequenas pedras utilizadas no turíbulo ou mesmo de varetas especialmente preparadas que podem ser adquiridas no comércio. A fumaça do incenso assim como a do sândalo e de outros elementos, veicula pedidos superiores e eleva nosso tônus vibratório

Para defumarmos ambientes como casas ou estabelecimentos comerciais, devemos fazer a defumação dos fundos do estabelecimento para a entrada ou seja, direcionaremos os fluídos negativos para fora da casa em questão. E para potencializar esse processo podemos deixar uma cumbuca de água com sal atrás da porta de entrada que deve ser substituída semanalmente, e podemos utilizar certos pontos cantados ou mantras que possuem o poder de direcionar as energias da natureza aumentando a eficácia do trabalho magístico.

Com essa mesma filosofia, as entidades ditas como caboclos e Pais-velhos, fazem uso do fumo nas sessões de caridade dos terreiros de Umbanda.

Portanto, não é correta a exortação de leigos que atribuem que o uso do fumo em forma de charutos e cachimbos pelas entidades de Umbanda seja decorrente de uma pseudo-inferioridade ou um suposto vício que esses seres astralizados trazem de vidas anteriores.

Existe portanto, um véu entre a aparência e a essência da Umbanda que raras pessoas podem conceber e mais raras ainda são as pessoas que se desprendem dos aspectos místicos e míticos e adentram o nível cósmico da Umbanda e da vida.

Como disse Shakespeare:

" Existem muito mais mistérios entre o céu e a terra do que supõem nossa vã filosofia..."


Alguns exemplos de flores:

lírio branco – Oxalá ;
rosa Branca – Yemanjá ;
crisantemo branco – Yori ( Ibeji );
cravo branco - Xangô ;
violeta – Yorimá ( Obaluaye ) ;
palmas vermelhas – Oxossi ;
cravos vermelhos – Ogum ;



POR QUE PEDIMOS SILÊNCIO NO TERREIRO

Atente para o que você fala. Boas palavras são as que edificam, elevam e agradam. Más palavras são as que destroem, rebaixam e machucam. O que sai da boca é força criadora.

Provindos de Deus, os orixás são os grandes criadores, e se expressam pelo som. A palavra é, portanto, um dos meios de manifestação do Divino na Terra, e quando proferida passa a produzir efeitos; não há como fazê-la retornar. Por isso, ao adentrar um terreiro de umbanda, pense antes de falar.

Pense novamente e evite excessos, pois muito antes de sua chegada os falangeiros dos orixás já estão organizando, em nível astral, todo o aparato necessário para providenciar o socorro e a cura dos espíritos doentes e sofredores. Os meios necessários para a defesa desse "hospital de almas" são ativados com a finalidade de conter os ataques trevosos que a casa irá receber antes, durante e depois da sessão. Portanto, não seja o porta-voz das sombras, trazendo desarmonia para o ambiente. Facilite o trabalho, não julgando nada, não emitindo opinião, ou melhor, adotando uma postura de imparcialidade diante do momento existencial e da dor de cada um.

Como você não sabe de seu passado, então deve vigiar os seus pensamentos e as suas palavras. Deve regrar-se pela verdade e pela sensatez; regular o tom de voz, falando mais baixo, e ser delicado com as pessoas.

Médium trabalhador, é seu dever transmitir paz, certeza, carinho e alegria aos que chegam. Tudo o que você fala precisa ser digno de ser ouvido por nós do "lado de cá", singelos obreiros dos orixás.

Lembre-se sempre disso e fale aos outros como se estivesse falando direto a Deus ao pisar num terreiro de umbanda.


Exu Tiriri

Blog - Umbanda Online



SABEDORIA E AMBIÇÃO

A sede de poder e a disputa ensandecida de domínio perante a comunidade umbandista, ainda entontecida pela difusão de fundamentos jogados diuturnamente nas mais diversas formas de mídia que disfarçam no Sagrado a venalidade de certos sacerdotes, impera nessas lideranças que travam verdadeira guerra para impor o seu modelo teológico.

Assim, persistem numa busca ferrenha de adeptos para ter o rebanho maior, qual pastor que pula o seu cercado para pegar as ovelhas do vizinho.
Não importa se o do lado cobra, raspa, corta e mata. O que vale é aumentar os adeptos, qual "guru" de outrora que impressionava as multidões ao amansar tigres e cobras.

Lembrai-vos de que quanto maior a inteligência e a consciência, maior pode ser a ambição. Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado pelos orixás.

Ramatís

Blog - Umbanda Online


SINAIS DE OBSESSÃO

SINAIS DE ALARME

Há dez sinais vermelhos, no caminho da experiência, indicando queda na obsessão:

• quando entramos na faixa da impaciência;

• quando acreditamos que nossa dor é maior;

• quando passamos a ver ingratidão nos amigos;

• quando imaginamos maldade nas atitudes dos companheiros;

• quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;

• quando reclamamos apreço e reconhecimento;

• quando supomos que o nosso trabalho esta sendo excessivo;

• quando passamos o dia a exigir esforço alheio sem prestar o mais leve serviço;

• quando pretendemos fugir de nós mesmos, através do álcool ou do entorpecente;

• quando julgamos que o dever é apenas dos outros.

Toda vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas idéias, a Lei Divina está presente, recomendando-nos a prudência de amparar-nos no socorro da prece ou da luz do discernimento.

pelo espírito Scheila
do livro Ideal Espírita
psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira.


sábado, 25 de fevereiro de 2012



bebidas


Tudo é um processo, inclusive a cultura. Sim, a mudança incide igualmente na cultura, na sua essência: idéia, abstrações e comportamentos.

No Brasil tivemos uma amostra de que a cultura esta em constante mudança, que teve início desde o encontro de indo-europeus, indígenas autóctones e africanos.

São estas as três matrizes formadoras do povo brasileiro, povo mestiço, plural, macroétnico que promovem a busca constante do respeito à alteridade, à cultura do outro como forma de resistência, às injustiças sociais, à discriminação e ao preconceito de várias matizes.

O relativismo cultural foi precocemente percebido pela maioria (oprimidos) do povo brasileiro, mas tardiamente reivindicado, pois todos sabem que não há cultura certa ou errada, e sim, que elas diferem uma das outras em relação a princípios básicos, todavia tem características comuns.

“Toda cultura é considerada como configuração saudável para os indivíduos que a praticam. Todos os povos formulam juízos em relação aos modos de vida diferente dos seus. Por isso, o relativismo cultural não concorda com a idéia de normas e valores absolutos e defende o pressuposto de que as avaliações devem ser sempre relativas à própria cultura onde surgem”. (Lakatos)

O conceito acima tomado como pressuposto justifica a necessidade e o porquê das religiões afro-brasileiras terem como emblema a diversidade, como forma de reconhecimento e legitimação da identidade de cada uma delas, pois são formas diferentes de percepção e vivência de mesmos princípios.

Tomadas analogicamente como cultura, todas as religiões afro-brasileiras são certas (dentro de sua forma de vivenciar e cultuar o Sagrado), e formam sua identidade própria na observação das outras.

É o famoso aforismo: o que sabe de sua cultura quem só conhece a sua cultura? O aforismo é auto-explicativo e joga luzes sobre o porquê da diversidade ser o mote das religiões afro-brasileiras/americanas.

O escopo em voga libera as religiões afro-brasileiras do etnocentrismo, que em ultima instância seria a supervalorização de uma religião afro-brasileira sobre as demais, algo que fere, por princípio, a ética formadora das mesmas.

O que pode ocorrer é a valorização “endógena”, do próprio grupo, algo que favorece o bem estar individual e a integração social na sociedade-terreiro.

Concluímos que todas as religiões afro-brasileiras devem ser entendidas como sendo apenas diferentes e não na relação superior/inferior. Se houver alguma religião que se ache superior ou melhor que as demais, com toda a certeza, não é uma religião afro-brasileira.

Com esta assertiva negamos a possibilidade de fundamentalismos ou absolutismos nas religiões afro-brasileiras, pois sendo pela diversidade jamais podem ser manifestadas por intermédio de comportamento agressivo ou em atitudes de superioridade e até de hostilidade. Também não há esse ou aquele que deseja homogeneizar e muito menos ser hegemônico, um “patriarca” a ser seguido por todos os demais (o que seria absurdo), algo que fere a base formadora e ética das religiões afro-brasileiras.

Não são das religiões afro-brasileiras lideres de seitas inflamados pelo egocentrismo e narcisismo, que desejam ajustar o mundo segundo suas convicções.

Assim precisamos expressar, não porque desrespeitamos tais líderes, mas para reiterar que não são das religiões afro-brasileiras.

Segundo a psiquiatria que tomaremos como pressuposto, se é defrontado com muitos lideres de seita que desejam controlar as ações de seus discípulos, com uma visão delirante de mundo.
É necessário estar atento ao fato de alguém se declarar líder, mormente quando se diz divino, e quando afirma ser o único a conversar com Deus, sendo necessário, pois, destruir esse mundo para criar um novo mundo (Armagedon?!!).

A maioria, segundo alguns tratados de psiquiatria, em especial a psicanálise, possui ego inflado e um desprezo geral pela humanidade. Valoriza somente seu grupo, que segundo eles é privilegiado, em detrimento do “restante” da população planetária.

O ego narcísico (narciso nega tudo que não for espelho) leva os líderes de seita a cometerem várias atrocidades, marcas de uma psicopatia evidente.

No passado recente, tivemos no Japão Shoto Asarrara que tentou envenenar com gás letal os usuários do metrô de Tókio.

O interessante é que todos os líderes de seita têm as mesmas características no inicio de suas pregações milenaristas, salvacionistas e hegemônicas. Todos afirmam ter tido uma revelação divina, julgando-se, pois ipso facto, melhores que os demais mortais. Dizem que precisam espalhar seus ensinamentos, chegando ao ponto de se acharem os únicos enviados de Deus, quando não, o próprio “Deus” (ego inflado).

Muitos deles levados pelo narcisismo distribuem à socapa crueldade, tortura e brutalidade (extremismo) que chocam a sociedade.

A megalomania é um dos fatores que os distingue. Procuram discípulos que inflam ainda mais seus egos, que os adorem como um verdadeiro Deus.

O líder de seita em geral é narcisista que deseja ser elogiado, mas que reage com violência quando contrariado, algo identificador de sua personalidade. Acredita que merece ser tratado de forma especial, pois é melhor que os outros, é o escolhido do próprio Deus (mesmo que na aparência demonstrem o contrário).

Quando citamos tais escolhos à religiosidade imediatamente nos vem à consciência o Templo do Povo, fundado e dirigido por Jim Jones, que infelizmente, induziu mais de 900 pessoas, entre crianças, jovens e idosos a se suicidarem com cianureto.

Após os infortunados acontecimentos que vez por outra assolam, violentando a sociedade planetária, queremos reiterar que as religiões afro-brasileiras são pela diversidade de cultos não havendo, pois, culto melhor ou pior, apenas diferente Por esse motivo sacerdotisas e sacerdotes de todas as religiões afro-brasileiras não fomentam e nem se afinizam a formar dissidências religiosas, e, portanto, felizmente se encontram distanciados de desejarem serem líderes de seitas. Axé!

 Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico
Blog - Espiritualidade e Ciência


Atabaques


Religiões Afro-brasileiras/Americanas - Diversidade como Inclusão Total


Nas Religiões Afro-brasileiras/Americanas valorizam-se a diversidade, a multiculturalidade, o respeito, o reconhecimento e a valorização da diferença e do outro (alteridade).

Muitos supõem ser esta valorização uma forma de crítica à modernidade, pois a mesma não conseguiu emancipar o homem e sua sociedade por intermédio da razão.

Os críticos, os intelectuais, são tidos como pós-modernistas; sentenciam a falência da razão, pois a mesma não favoreceu a liberação humana, ao contrário racionalizou o controle dos indivíduos, deflagrando formas de opressão que se estabelecem no cotidiano.

No que concernem às religiões afro-brasileiras/americanas, respeitam todas as formas de pensamento humano, todavia não concordam com a linha mestra da pós-modernidade caracterizada pelo anti-humanismo (abandono do sujeito) e ceticismo que se aproxima do irracional. Não obstante, não se nega que a ação humana está sob os guantes da estrutura socioeconômica, como de há muito tem sido denunciada pelas religiões afro-brasileiras/americanas.

Nas religiões afro-brasileiras/americanas não se mantêm a esperança passiva, mas a atividade de uma militância constante na certeza de possibilidade real de mudanças substanciais, manifestas em novos projetos de emancipação da humanidade, onde prevaleça o diálogo como forma de convivência pacífica e justiça social, política e econômica.

Numa ação crescente e madura, os adeptos das religiões afro-brasileiras/americanas têm promovido a divulgação de que  sua vertente principal é a diversidade, é repensar e reatualizar  suas práticas de relacionamentos endógeno e exógeno.

Sim, é histórico que os adeptos das religiões afro-brasileiras/americanas sempre estiveram (mantiveram-nos) apartados, separados, algo que os fragilizava e, ainda na atualidade enfraquecem sua mobilidade social, e principalmente, sua real importância no cenário da cultura e sociedade brasileiras. Nos aspectos religiosos são, ideologicamente, expostos como mero folclore.

Recentemente uma das emissoras da mídia televisiva aberta, reportou-se a Lavagem das Escadas (enredo religioso) da Igreja do Senhor do Bonfim, associando-a de forma pejorativa a uma escola de samba. O pior estava por vir, pois na reportagem anterior haviam mostrado alguns presidentes de escolas de samba sendo detidos em delegacia policial por crime de contravenção. Conclusão: associaram às religiões afro-brasileiras/americanas com o crime, como algo alheio ao bom senso e aos “bons costumes”. Mais uma vez, o preconceito...

Este descaso para os adeptos das religiões afro-brasileiras/americanas tem sua gênese no Brasil colônia. Naquela época não se permitia o encontro de indivíduos de etnias diferentes, pois o que se desejava era conveniente na manutenção do status quo. Aumentavam-se as rivalidades entre eles impedindo que se unissem e combatessem o escravismo. Era só isso!...

Na atualidade não é diferente. Vez por outra se estimula rivalidades entre os adeptos das religiões afro-brasileiras/americanas, pretendendo manter as coisas como sempre foram.

Incita-se discussões estéreis, improducentes e improcedentes que impedem a união, o sentido de pertença e identidade das religiões afro-brasileiras/americanas, adiando a tarefa que a elas competem no cenário de incentivar e proporcionar a mudança social, na defesa dos discriminados e excluídos de todos os matizes da sociedade brasileira.

Mais uma vez a pergunta que não quer se calar: a quem pode interessar tal estado de coisas? A quem? Com toda a certeza não são aqueles que desejam a união (não codificação) a pacificação e uma cultura de paz, com respeito irrestrito a todas as religiões afro-brasileiras/americanas.

Para esses promotores de cizânias deve-se afirmar que não há esse ou aquele “Terreiro”, melhor que os demais. Apenas são diferentes, somente isso. E isso é muito bom. Não há necessidade de concorrência, mas de convivência pacífica que fortalece a amizade, a fraternidade, a identidade (vendo- se no outro) e a pertença.

Reitera-se que não se pode olvidar que variações regionais (espaço) e de várias épocas (tempo) proporcionariam e proporcionam a diversidade, ou seja, diferenças. Há de frisar-se que diferenças são apenas variações de uma mesma coisa, portanto naturais.

Todas as religiões afro-brasileiras/americanas são formas de manifestação da diversidade, e isto significa ter a liberdade de fazer o seu culto segundo seus fundamentos e não desprezar o culto e os fundamentos do outro. O respeito, o reconhecimento de que o outro existe e tem sua real importância no processo da religiosidade.

Aceitar, respeitar e vivenciar a diversidade não significa o individuo mudar seus conceitos ou fundamentos que aprendeu e vivenciou em sua Tradição na Iniciação, pois deve perceber que também ele mesmo, seu ritual faz parte da diversidade, tal qual todos os demais. Portanto viver a diversidade é aceitar e reconhecer o real valor do outro no contexto das religiões afro-brasileiras/americanas.

Todos podem e devem continuar fazendo seus cultos e seguir seus fundamentos o que deve ser natural, todavia não se pode achar que se é melhor que este ou aquele e muito menos alardear que “revelou”, ou resgatou isso ou aquilo, como forma de desejar a hegemonia na religião. Isso é contrário à diversidade, ao reconhecimento do outro e a ética que norteia essa religião.

Tomando como exemplo de religiões afro-brasileiras/americanas, a Umbanda, tem-se na verdade várias “Umbandas”, pois há várias Escolas, cada uma com seus rituais próprios, segundo sua (s) vertente (s) formadora (s) preponderante (s).

A vertente denominada Umbanda Cristã se alicerça em fundamentos próximos ou retirados do kardecismo e Catolicismo. Claro está que há influências de matriz ameríndia ou africana.
A Escola Umbandista (forma de pensar e cultuar os Orixás e Ancestrais) denominada Omolocô tem como vertente principal a matriz africana (mistura angola jejê nagô) tendo laivos do Catolicismo e menor influência Kardecista.

O mesmo acontece com a Umbanda Iniciática ou Esotérica que tem aspectos balanceados das três matrizes formadoras, mas com predominância ritualística da matriz ameríndia, sem descartar a matriz africana e a indo européia.

O mais maravilhoso é que todas têm o mesmo grau de importância, sendo apenas diferentes, atraindo para suas práticas as pessoas mais afinizadas com essa ou aquela matriz. Portanto, não há nexo descaracterizar a Umbanda tentando uniformizá-la ou desejar que uma vertente seja superior ou hegemônica. Isso é impossível na Umbanda, felizmente.

Mais uma vez conclui-se que diversidade é diferença e não desigualdade (hegemonia). Permite que cada um tenha a liberdade de cultuar suas convicções doutrinárias e mágico-liturgicas (toques, rituais), respeitando e reconhecendo a importância de outros grupos.

Os adeptos das religiões afro-brasileiras/americanas estão no inicio do processo do entendimento da diversidade, que deve ser um desafio a ser vencido, um exercício constante, principalmente de não se julgar melhor do que ninguém, ou mesmo querer impor a todos os demais uma forma de ritual.

É necessário, repisa-se, reconhecimento e valorização do ritual dos outros, da forma que cada um deseja fazer e vivenciar as religiões afro-brasileiras/americanas.

Não se pode olvidar que as mesmas são uma idéia que se manifestam em várias linguagens (cultos) e todos com a mesma importância. Isso nos incita a perceber, aceitar e reconhecer como legítimas as múltiplas linguagens das religiões afro-brasileiras/americanas.

No término desse texto em que reiterou-se a necessidade de se vivenciar a diversidade (falou-se demais sobre ela, é hora de vivenciá-la) e para não abortá-la, recordemos a história recente que afirma não ser a sociedade tão democrática como deveria. Portanto, defender a diversidade é assumir uma atitude humanista e política em favor dos que sempre foram marginalizados do poder de se expressar e de se mostrar.

É momento de diversidade sem adversidades. Vamos vivenciá-la? Axé!

Aranauam, Motumbá, Mucuiú, Kolofé, Axé, Salve, Saravá
Rivas Neto (Arhapiagha) – Sacerdote Médico

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

 

 

CADÊ MINHA COROA

"Em alguns terreiros de Umbanda é comum a confirmação ao trabalho de um médium em desenvolvimento através do ritual conhecido pelo nome de Coroação. Já outros terreiros usam o ritual do Amaci (lavagem da cabeça com ervas específicas) como ato confirmatório da preparação ao serviço mediúnico daquele que por alguns meses ou anos freqüentou a corrente e participou das giras de desenvolvimento. Já outros terreiros sequer utilizam algum ritual preparatório.

Os chefes verificam a incorporação e o teor de algumas mensagens das entidades incorporadas e depois enviam o médium para o trabalho na corrente. Tais procedimentos, entretanto, variam de uma casa para outra. Como não há nenhuma determinação geral e única, cada agrupamento de umbandistas pratica aquilo que aprenderam com seus pais ou mães de santo e perpetuam o ritual em seus templos.

A coroação do médium não se restringe a apenas uma lavagem de cabeça com ervas aromáticas, ou raspagem, ou cortes, ou quaisquer outros rituais meramente externos de demonstração pública. Considerando todas as etapas do processo de preparação, o médium em desenvolvimento não perde seu tempo em interrogações inoportunas ao Dirigente ou ao Guia-Chefe pelo dia em que será finalmente coroado.

A espera é salutar, mas a pressa torna o aprendizado deficiente. A ansiedade, a intemperança e a impaciência são entraves para um saudável processo de aprendizado e um manuseio firme e seguro do seu instrumento de trabalho, a mediunidade. Uma corrente de Umbanda é composta basicamente de médiuns em preparação, médiuns preparados e Guias Espirituais. O preparo do médium que irá servir de instrumento dos Mentores Espirituais da Umbanda é etapa importante para o bom e seguro trabalho de uma corrente umbandista.

Essa preparação engloba tantos passos que grande parte dos médiuns em desenvolvimento desistem do serviço sacerdotal que iriam desempenhar. O fato é que muitos não aprenderam a controlar seus impulsos e gostariam de já estar “trabalhando” com seus Guias. Acreditam que somente o fato de sentir “uma vibração” intensa das Entidades já é suficiente para ouvir o consulente, aplicar-lhe passes e rezas, receitar obrigações, oferendas e banhos ou realizar trabalhos de desmanches de magia – serviço muito perigoso, mas comum nos terreiros de Umbanda.Os médiuns em preparação, ou em desenvolvimento, desconhecem algumas nuances da mediunidade que podem ser prejudiciais a si mesmos e até mesmo a todo o corpo mediúnico. Não têm a percepção de que a mediunidade pode ser-lhes útil ou poderá se transformar num grande trampolim colocado à beira de um precipício.

Tal a necessidade do preparo acompanhado de perto pelo Guia-Chefe e sob os olhos sempre atentos do Dirigente Espiritual do Terreiro.O médium que age pelo impulso é comparável àquele discípulo que mereceu várias vezes as reprimendas de Jesus Cristo, tamanha era sua impulsividade. Por impulso, Pedro arrancou a orelha de um soldado. Noutra ocasião, o mesmo Pedro que antes havia sido corrigido por Jesus exclamou que iria para a cruz no lugar do Mestre. Também por impulso, o apóstolo respondeu a Jesus, logo depois da Ressurreição, que o amava. O indivíduo que usa a mediunidade sem o devido preparo é como o homem que empunha a espada sem o treino da habilidade: fatalmente alguém sairá ferido no fim das contas.Pedro teve que aprender a controlar os impulsos e, acima de tudo, a ser paciente.

A paciência é uma virtude que deve ser cultivada por todo aquele que deseja servir à Espiritualidade Maior.O primeiro passo que o postulante ao exercício mediúnico deve dar, a partir da real compreensão do chamado realizado pelos Mentores da Corrente Astral da Umbanda é o abandono dos velhos costumes por uma promessa de grandes resultados futuros.

Assim como Pedro abandonou a rede que consertava e iniciou uma trajetória de aprendizado contínuo, o médium em desenvolvimento literalmente lança ao chão os velhos dogmas e as concepções errôneas acerca da vida espiritual, da caridade e do seu papel na vida comum.As palavras ”é necessário ao homem nascer de novo” implicam em deixar para trás todas as amarras do velho homem que todos levam consigo para as correntes mediúnicas, sejam em formas de pensamentos, atitudes ou visões do exterior.

É preciso deixar para trás alguns conceitos que outrora cultivou com tanto afinco e sem resultado concreto, tal como a crença em condenações eternas, ou o temor a um Deus vingativo e cruel, ou a unicidade da existência, ou ainda a religiosa supremacia de uma única raça e a demonização de irmãos e amigos desencarnados. Conceitos que afastam o médium de sua importância no intercâmbio espiritual e o lança a um mundo materialista e obscuro.

A próxima etapa nesse vagaroso processo de aprendizado é a caminhada diária e constante, sempre guiado pelo Mestre e Amigo. Pedro, assim como os demais discípulos, precisou caminhar ao lado de homens que mal conhecia. Alguns deles até mesmo eram mal-vistos pela tradição religiosa da época. E, nessa caminhada diária, muitas coisas viu e ouviu do Mestre Nazareno. Nas idas e vindas pelas terras da Judéia, Pedro atravessou um longo estágio de aprendizado.

O médium em preparação carece de um tempo para assimilar todas as coisas que ouvirá do Guia Espiritual e todas as informações são dosadas diariamente. Não se aprende tudo em um único dia ou em um único mês. É preciso tempo e observação constante de tudo o que estará vivenciando ao longo dos meses. Há que compreender também as diferentes opiniões e modos de agir dos seus irmãos de corrente.

O desenvolvimento envolve, ainda que dolorosamente, a aceitação das diferenças comportamentais, ideológicas, religiosas, sociais e morais de co-participantes dos rituais umbandistas. Mesmo que tenha um pouco mais de conhecimento, não deverá se colocar acima dos demais como o senhor da verdade apontando-lhes as falhas e os tropeços da caminhada.A oração constante, a busca pela essência divina e o esforço por uma vida espiritual mais elevada devem estar no trabalho individual de preparação ao serviço mediúnico nos terreiros de Umbanda. Para obter grandes e preciosas inspirações dos Mentores de Aruanda, o médium em desenvolvimento colocar-se-á em humilde posição de alma necessitada e buscará a força necessária através de horas de conexão com o Plano Superior.

Assim, terá experiência suficiente para discernir entre a comunicação de um Guia Superior ou a ardilosa verborragia de uma Entidade embusteira.A confirmação para o trabalho mediúnico chegará no tempo certo não sem antes a verdadeira compreensão do ministério repetido várias vezes dentro de si. Como fez o discípulo quando interpelado pelo Cristo sobre o seu amor incondicional.

Após a confirmação íntima de sua responsabilidade como médium a serviço da Espiritualidade Maior, virá do Alto o poder necessário para desempenhar o trabalho corretamente. É quando descem da Corrente Astral as irradiações poderosas dos Orixás que formam as Sete Linhas de Umbanda. A partir daí, o médium poderá ter sua “coroa” confirmada pelo Guia Chefe e pelos seus próprios Mentores."

fonte:Blog Falando de Umbanda
Postado por Pai Mario de Ogum
Umbanda Online